Seleção Natural
Nestes dias tive uma experiência que mostra que a seleção natural existe entre nós e que depende principalmente da vontade própria. Não depende tanto, como nos animais, das condições do tempo ou condições físicas e, ao contrário do que se diz geralmente, não depende muito das injustiças sociais, apesar de que elas existem, infelizmente. Vou agora contar a experiência.
Em uma turma de alunos, a matéria foi dada em forma de seminários, onde os estudantes, organizados em equipes, pesquisaram sobre um tema e apresentaram em sala de aula, com debates, supervisionados pelo professor. Como os alunos exercem uma certa pressão sobre os professores (a carreira do professor depende em parte da avaliação que os seus alunos o fazem), acabei cedendo e, para avaliação, fiz uma prova em condições facilitadas, acatando os pedidos deles. A mesma foi feita de forma objetiva (assinalar a resposta correta) e consultiva (permitindo consultar a resposta correta antes de responder). Algumas condições foram colocadas: tempo limitado e realização individual, isto é, não podiam consultar nenhum colega. Podiam consultar qualquer material, como cadernos, fotocópias, livros e até mesmo a própria internet. Todas estas condições foram esclarecidas antes mesmo das aulas. Outra novidade é que a prova foi realizada com uso de computadores e internet. Os alunos tinham a matéria que eles mesmos pesquisaram disponíveis no site da instituição (sistema Ambiente Virtual de Aprendizagem), com quase duas semanas para estudar.
Acreditava-se que, nestas condições facilitadas, todos teriam boas notas. Geralmente as avaliações são realizadas sem consultas e subjetivas, exigindo memória e raciocínio para entender as perguntas e descrever as respostas. Mas, para surpresa, mesmo assim, nenhum aluno tirou a nota máxima e quase a metade não conseguiu a nota mínima de aprovação (seis).
Muitas conclusões podem ser deduzidas desta experiência. Talvez estes alunos estejam assim tão desestimulados? Ou mal preparados até para uma simples leitura e pesquisa? Mas gostaria de destacar duas conclusões: o sucesso de alguém não depende das suas condições de vida e, quanto mais facilidades a pessoa encontrar, menos ela exige de si mesma (grandes obras surgem geralmente em condições de grandes necessidades). Dar as mesmas condições não garante os mesmos resultados. Se você queria ser algo e não conseguiu, não dê logo a culpa a terceiros. Campeão não se nasce, se conquista.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
segunda-feira, 28 de abril de 2008
ALB – 10/04/08 - posse
ALB – 10/04/08 – Fundação Cultural de Blumenau
Senhor presidente da Academia de Letras Blumenauense, membros desta academia, autoridades aqui presentes e demais convidados, boa noite.
Com grande satisfação encontro-me agora diante de todos, num momento único, compartilhando esta alegria de poder fazer parte desta Academia, desta cidade símbolo para nosso estado e nosso país.
Mesmo não sendo natural desta cidade, são doze anos que leciono na FURB, a Universidade de Blumenau, sentindo-me parte desta comunidade, não somente acadêmica. Saindo de Criciúma, residi uns anos em Curitiba, outros na Itália, onde completei meus estudos, retornando em 1995 depois de 12 anos. São poucos os livros por mim publicados, mas tenho ainda alguns engavetados e incompletos. O dia de hoje é um estimulo a mais na minha busca no mundo da literatura, procurando fazer parte cada vez mais desta realidade, não somente como protagonista, mas principalmente como testemunha do trabalho de colegas e amigos, onde o sucesso não se resume à presença na mídia ou na livraria, mas a momentos como este.
Curiosamente, quase um ano atrás, fui convidado para expor meus trabalhos no CENEC Colégio Fayal de Itajaí, a convite do diretor Edson D´Avila, em ocasião do 15° aniversário in memoriam de Harry Laus, agora meu patrono. O evento foi organizado por sua irmã Ruth Laus, quando da republicação do romance deste escritor, “Os Papeis do Coronel”. Este livro teve sua primeira publicação na França, em 1992.
Para a tradutora francesa, Harry Laus atingia a emoção sem desperdícios, através de intenso trabalho. Era um escritor muito meticuloso, consciente e refletido. Escrever era um trabalho ao qual ele se atirava com sua habitual seriedade e um frenético desejo de atingir "o resultado, o sumo, a essência", nas palavras do Coronel desse romance, um pouco autobiográfico. Aliás, único romance de Harry Laus. Em Os Papéis do Coronel, o texto coloca seriamente a questão do escrever, deixando-nos o testemunho do processo literário de Harry Laus, suas angústias, questionamentos e seu caminho interior.
Nascido em Tijucas, Harry Laus foi oficial do Exército até 1964, quando entrou para a reserva. O escritor, jornalista e crítico de arte, estreou na literatura em 1958 com “Os Incoerentes”, livro que lhe rendeu o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras (ABL). Na imprensa, atuou em vários veículos, como “Correio da Manhã”, “Jornal do Brasil”, “Veja”, “Diário Catarinense” e “A Notícia”. Esteve também na direção do Museu de Artes de Joinville e de Florianópolis.
Autores como Harry Laus nos dão muitos exemplos para vida. Por exemplo, que o fim de sua carreira militar foi o inicio de uma carreira mais brilhante, que, mesmo não tendo talvez o reconhecimento merecido em vida, hoje é um imortal da literatura.
A vida é feita também do que fazemos para perpetuar nossas idéias. Uma continuidade feita principalmente através da família e da escrita. Vivemos a era da informação e os meios eletrônicos e digitais ainda não superaram a capacidade da escrita. A própria internet é feita principalmente de textos, mesmo se breves, obrigando os jovens a ler, em vez de ficarem passiveis diante da televisão. Agradecemos a pessoas como os fundadores desta academia, os organizadores deste evento, os colaboradores, profissionais e amantes da literatura, que possibilitam o perpetuar de nossas obras, para uma sociedade mais justa e pacifica.
Obrigado.
Senhor presidente da Academia de Letras Blumenauense, membros desta academia, autoridades aqui presentes e demais convidados, boa noite.
Com grande satisfação encontro-me agora diante de todos, num momento único, compartilhando esta alegria de poder fazer parte desta Academia, desta cidade símbolo para nosso estado e nosso país.
Mesmo não sendo natural desta cidade, são doze anos que leciono na FURB, a Universidade de Blumenau, sentindo-me parte desta comunidade, não somente acadêmica. Saindo de Criciúma, residi uns anos em Curitiba, outros na Itália, onde completei meus estudos, retornando em 1995 depois de 12 anos. São poucos os livros por mim publicados, mas tenho ainda alguns engavetados e incompletos. O dia de hoje é um estimulo a mais na minha busca no mundo da literatura, procurando fazer parte cada vez mais desta realidade, não somente como protagonista, mas principalmente como testemunha do trabalho de colegas e amigos, onde o sucesso não se resume à presença na mídia ou na livraria, mas a momentos como este.
Curiosamente, quase um ano atrás, fui convidado para expor meus trabalhos no CENEC Colégio Fayal de Itajaí, a convite do diretor Edson D´Avila, em ocasião do 15° aniversário in memoriam de Harry Laus, agora meu patrono. O evento foi organizado por sua irmã Ruth Laus, quando da republicação do romance deste escritor, “Os Papeis do Coronel”. Este livro teve sua primeira publicação na França, em 1992.
Para a tradutora francesa, Harry Laus atingia a emoção sem desperdícios, através de intenso trabalho. Era um escritor muito meticuloso, consciente e refletido. Escrever era um trabalho ao qual ele se atirava com sua habitual seriedade e um frenético desejo de atingir "o resultado, o sumo, a essência", nas palavras do Coronel desse romance, um pouco autobiográfico. Aliás, único romance de Harry Laus. Em Os Papéis do Coronel, o texto coloca seriamente a questão do escrever, deixando-nos o testemunho do processo literário de Harry Laus, suas angústias, questionamentos e seu caminho interior.
Nascido em Tijucas, Harry Laus foi oficial do Exército até 1964, quando entrou para a reserva. O escritor, jornalista e crítico de arte, estreou na literatura em 1958 com “Os Incoerentes”, livro que lhe rendeu o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras (ABL). Na imprensa, atuou em vários veículos, como “Correio da Manhã”, “Jornal do Brasil”, “Veja”, “Diário Catarinense” e “A Notícia”. Esteve também na direção do Museu de Artes de Joinville e de Florianópolis.
Autores como Harry Laus nos dão muitos exemplos para vida. Por exemplo, que o fim de sua carreira militar foi o inicio de uma carreira mais brilhante, que, mesmo não tendo talvez o reconhecimento merecido em vida, hoje é um imortal da literatura.
A vida é feita também do que fazemos para perpetuar nossas idéias. Uma continuidade feita principalmente através da família e da escrita. Vivemos a era da informação e os meios eletrônicos e digitais ainda não superaram a capacidade da escrita. A própria internet é feita principalmente de textos, mesmo se breves, obrigando os jovens a ler, em vez de ficarem passiveis diante da televisão. Agradecemos a pessoas como os fundadores desta academia, os organizadores deste evento, os colaboradores, profissionais e amantes da literatura, que possibilitam o perpetuar de nossas obras, para uma sociedade mais justa e pacifica.
Obrigado.
Assinar:
Comentários (Atom)