ALB – 10/04/08 – Fundação Cultural de Blumenau
Senhor presidente da Academia de Letras Blumenauense, membros desta academia, autoridades aqui presentes e demais convidados, boa noite.
Com grande satisfação encontro-me agora diante de todos, num momento único, compartilhando esta alegria de poder fazer parte desta Academia, desta cidade símbolo para nosso estado e nosso país.
Mesmo não sendo natural desta cidade, são doze anos que leciono na FURB, a Universidade de Blumenau, sentindo-me parte desta comunidade, não somente acadêmica. Saindo de Criciúma, residi uns anos em Curitiba, outros na Itália, onde completei meus estudos, retornando em 1995 depois de 12 anos. São poucos os livros por mim publicados, mas tenho ainda alguns engavetados e incompletos. O dia de hoje é um estimulo a mais na minha busca no mundo da literatura, procurando fazer parte cada vez mais desta realidade, não somente como protagonista, mas principalmente como testemunha do trabalho de colegas e amigos, onde o sucesso não se resume à presença na mídia ou na livraria, mas a momentos como este.
Curiosamente, quase um ano atrás, fui convidado para expor meus trabalhos no CENEC Colégio Fayal de Itajaí, a convite do diretor Edson D´Avila, em ocasião do 15° aniversário in memoriam de Harry Laus, agora meu patrono. O evento foi organizado por sua irmã Ruth Laus, quando da republicação do romance deste escritor, “Os Papeis do Coronel”. Este livro teve sua primeira publicação na França, em 1992.
Para a tradutora francesa, Harry Laus atingia a emoção sem desperdícios, através de intenso trabalho. Era um escritor muito meticuloso, consciente e refletido. Escrever era um trabalho ao qual ele se atirava com sua habitual seriedade e um frenético desejo de atingir "o resultado, o sumo, a essência", nas palavras do Coronel desse romance, um pouco autobiográfico. Aliás, único romance de Harry Laus. Em Os Papéis do Coronel, o texto coloca seriamente a questão do escrever, deixando-nos o testemunho do processo literário de Harry Laus, suas angústias, questionamentos e seu caminho interior.
Nascido em Tijucas, Harry Laus foi oficial do Exército até 1964, quando entrou para a reserva. O escritor, jornalista e crítico de arte, estreou na literatura em 1958 com “Os Incoerentes”, livro que lhe rendeu o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras (ABL). Na imprensa, atuou em vários veículos, como “Correio da Manhã”, “Jornal do Brasil”, “Veja”, “Diário Catarinense” e “A Notícia”. Esteve também na direção do Museu de Artes de Joinville e de Florianópolis.
Autores como Harry Laus nos dão muitos exemplos para vida. Por exemplo, que o fim de sua carreira militar foi o inicio de uma carreira mais brilhante, que, mesmo não tendo talvez o reconhecimento merecido em vida, hoje é um imortal da literatura.
A vida é feita também do que fazemos para perpetuar nossas idéias. Uma continuidade feita principalmente através da família e da escrita. Vivemos a era da informação e os meios eletrônicos e digitais ainda não superaram a capacidade da escrita. A própria internet é feita principalmente de textos, mesmo se breves, obrigando os jovens a ler, em vez de ficarem passiveis diante da televisão. Agradecemos a pessoas como os fundadores desta academia, os organizadores deste evento, os colaboradores, profissionais e amantes da literatura, que possibilitam o perpetuar de nossas obras, para uma sociedade mais justa e pacifica.
Obrigado.